29 julho, 2008


Bem como disse o fiel Dizeradokovski
"A morte só não é vã pois a vida aca...(ataque cardiáco)"

O conto sobre o morto que não era zumbi:

Estava escuro, não sentia nada, nem meus braços, pernas, cabelos, mãos, olhos, não escutava nada. Conseguia sentir, uma coisa, na altura da cabeça, naquele lugar onde se chama testa, no meio, quase doia na verdade.
Uma agulhada, no meio, o calafrio não aconteceu. Uma vez que deduzi que o sistema nervoso central não funcionava, eu não tinha repulsa pela aquela dor. Quase frizava, já tinha horas que ela estava ali. Lembrei nesse meio tempo que vivia, parecia que estava vivo, mas faltava algo, todos os sentidos talvez.
Só podia usar a cabeça, de forma imaginativa, perdi então a quietude. Rolava, rolava, não passava, não rosnava. Não mudei de lugar. Imaginação inutil...
A visão finalmente veio. Vi penumbra, penumbra dos olhos, meio rochos, azuis. Quando o olho fechado está, vemos isso normalmente. Quando a luz acende, envermelhace...
Morto, morto, parecia um defunto.
Não era luz, era a imaginação. Eu estava no Jazz, eu e Ygg, o sax. Lembrei disso por que eu estava de paletó, paletó, dos de duques. Como quem olha pro saxofone e percebe a roupa que está vestindo. Lembrei que tocava desde os dez anos, mas parecia que eu estava ali a pouco tempo, naquele cubiculo quadrado. Droga. Quero morrer. Não posso fazer nada.
Meus tatos vieram.
Senti minhas mãos arderem. Voltei elas ao rosto. Eu não tinha cabeça. Parecia ter tocado o fogo. Queimou, queimou, caí.
Eu estava no inferno, com certeza, a Dercy estava lá, não tinha como não ser o inferno.
Voltei, estava no caixa novamente.
Agora ouço vozes. Parecia um velório.
Reconheço a voz de meu filho, droga, ele parece triste.
Mamãe parece que não veio. Droga, deve ter passado mal.
Acordei
Estava na estação de metrô do shopping, estava morto.
18-02-2001

2 comentários:

Maurício Chades disse...

Ygg não existe.
isso dá até um filminho

Cássio disse...

TU vai ver, tu vai ver...