Quinta-feira disfarçada de domingo.

18 de dezembro.
Dezoito de dezembro. Ah, dezoito de dezembro.
Dezoito de dezembro e a monotonia está em todo canto: nas estantes com livros empoeirados, na música que antes transmitia o êxtase, na vontade de ler e de até deitar para tirar uma soneca. Dia nublado, meio termo em temperatura; o tempo oscila: ora rápido, ora vagaroso; agonizantemente devagar.
Dezoito de dezembro de incertezas e preocupação. Aliás, mais de trezentos dias deste ano foram assim, talvez não só pra mim, quem sabe. Mais um, que diferença faz?
Eu olho pela janela, as mangueiras têm brotos novos, verdes-claro, que se destacam dentre as outras folhas, mais escuras. Lentamente movendo-se pela ação do vento calmo e talvez, entediado como eu. De lá pra cá, de cá pra lá. Mas vento nem deve saber que é vento; se ele sequer não tem capacidade de auto-conhecimento, como poderia ele sentir tédio? Que Chato.
Dependendo, tudo se torna enfadonho nesses dias. Fora que dá preguiça até de ter ansiedade, tampouco, pensar - tanto que comecei a escrever isto de tarde e só estou terminando agora, quase meia noite; embora que tenha parado diversas vezes.
Agora começa a chover. Acho que o dia foi tão maçante que acabou me impedindo de notar alguma vantagem nisso (eu adoro chuva - desde o cheiro, ao barulho de respingos na janela).
A sensação é de que tudo - carro, metrô, anônimo, inseto, o cérebro - parou.
Quinta feira com cara, corpo e alma de (um entediante) dia de domingo.

(Relatinho improfícuo e semi-irreal).
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